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Entendendo o Split Payment no Brasil: Um Passo para uma Tributação Mais Inteligente

  • Foto do escritor: Daniela Lavin
    Daniela Lavin
  • 25 de abr.
  • 3 min de leitura




À medida que o Brasil avança em sua jornada de reforma tributária, um dos conceitos que tem ganhado destaque nas discussões é o mecanismo de split payment. Ainda em estágio inicial de análise e desenvolvimento, esse modelo tem o potencial de transformar a forma como os tributos são recolhidos em transações B2B e digitais em todo o país.


O que é Split Payment?


O split payment é um modelo de arrecadação no qual o valor de uma transação é automaticamente dividido no momento do pagamento:


  • Uma parte é direcionada ao vendedor (valor líquido, sem os tributos);


  • A parcela correspondente aos tributos é retida automaticamente e enviada diretamente ao fisco.


Esse sistema reduz significativamente o risco de evasão fiscal, já que os tributos devidos não chegam sequer à conta bancária do contribuinte. Além disso, promove maior transparência e simplifica o cumprimento das obrigações tributárias.


Como deve funcionar no Brasil?


Embora ainda não tenha sido oficialmente implementado, o Brasil está discutindo a adoção do split payment como parte da reforma dos tributos sobre o consumo, que prevê a criação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).


A expectativa é que o modelo funcione da seguinte forma:


  • No momento da compra, o processador de pagamento (como bancos ou fintechs) separa automaticamente o valor dos tributos;


  • A quantia correspondente é transferida diretamente à Receita Federal;


  • O valor líquido é repassado ao vendedor.


Esse modelo é especialmente relevante para marketplaces, intermediários de pagamento e plataformas digitais, onde os processos já são altamente automatizados.


Benchmarks internacionais: como outros países aplicam o split payment


  • Itália e Polônia: adotam o split payment no âmbito do IVA, principalmente em transações consideradas de alto risco. Na Itália, é obrigatório para fornecedores do governo.


  • Reino Unido: analisou a implementação, mas optou por modelos semelhantes em setores como construção civil e serviços digitais.


  • Romênia: utilizou o split payment para IVA, mas reduziu sua aplicação devido à complexidade administrativa.


Comparativo com mecanismos usados na América Latina


Embora o nome split payment ainda não seja amplamente utilizado na região, diversos países da América Latina já adotam sistemas com lógica semelhante:


🇦🇷 Argentina


Opera com regimes de retenção e percepção sobre IVA, imposto de renda e Ingresos Brutos.Agentes como bancos, cartões e grandes contribuintes retêm tributos no momento da transação — o vendedor já recebe o valor líquido, como ocorreria no split payment.


🇲🇽 México


Plataformas como Uber, Airbnb e MercadoLibre retêm automaticamente IVA e imposto de renda dos vendedores cadastrados, conforme exigido pela autoridade fiscal.


🇨🇴 Colômbia


Utiliza regimes de retenção na fonte e auto-retenção, principalmente em operações B2B. O conceito é similar ao do split payment, embora não passe por intermediários de pagamento.


🇵🇪 Peru


Adota o sistema de Detracciones, no qual o comprador deposita parte do valor da transação em uma conta especial no Banco de la Nación. O fornecedor só pode usar esses recursos para quitar tributos.


Por que o Split Payment importa para o Brasil?


A eventual implementação do split payment pode representar uma verdadeira mudança de paradigma na administração tributária brasileira:


  • Aumenta a eficiência da arrecadação;


  • Reduz riscos de inadimplência e evasão;


  • Estimula a automação e a integração dos processos fiscais nas empresas.


Além disso, o modelo se alinha à transformação digital já em curso no sistema tributário nacional — com iniciativas como NF-e, SPED e DCTFWeb.


Considerações finais


Ainda que os detalhes regulatórios estejam em construção, o avanço do split payment no Brasil pode posicionar o país entre os líderes globais em inovação fiscal.


Enquanto aguardamos novos desdobramentos, as empresas devem se preparar revendo seus sistemas financeiros, fluxos de pagamento e integrações com o ERP.


A jornada brasileira rumo à simplificação tributária é ousada — e o split payment pode ser uma de suas ferramentas mais transformadoras.



 
 

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